quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vitória, só se for assim!

Certo dia, uma pedra clamou...


Olha lá quem vem do lado oposto
E vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
Sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar

(Los Hermanos, O vencedor)

O discurso dos “vencedores demais” tem sido delatado e confrontado pelos meros humanos – “por los meros hermanos”. Seja no meio evangélico ou secular, se é que a linha divisória ainda não se apagou, os apáticos ao sofrimento estão sendo descobertos e rejeitados. Pouco a pouco, o discurso do “pare de sofrer” vai sendo desmascarado pela realidade sofrível de nossos dias, e aqueles que antes buscavam “vitória”, começam a sonhar com consolo. Será que temos algo a oferecer, além das teologias, filosofias e discursos desprovidos de amor? Será que encontraremos uns aos outros, uns nos olhos dos outros, respondendo com o silêncio curador ao invés das respostas pré-fabricadas da religião?
Temos que dar razão ao poeta, quem sempre quer vitória perde a glória de chorar. Quem vive são e salvo de sofrer, vem sem gosto de viver. Lembremo-nos de que nosso Vencedor, abraçou a cruz. Antes de ressuscitar o amigo Lázaro, chorou. E ao curar o pobre leproso não se contentou em dar-lhe uma palavra, tocou suas feridas para que não só o corpo, mas a alma também fosse sanada.
Estou com o poeta, não quero ser vencedor do jeito dos bravos. Quero vencer do jeito de Jesus. Vencer chorando. Sendo mais sem deixar de ser humano. Alegrar-me sem virar as costas para a dor. Subir no pódio, mas sem deixar de me prostrar.

Vitória, só se for assim.

3 comentários:

Giovanna Borgh disse...

É Pastor, foi contigo que aprendi que são nos momentos de tristeza e desespero que Deus se revela tão forte e poderoso...

Saudades de vocês três!!!

Unknown disse...

Pois é, ao fim de tantas considerações racionais, os poetas sempre me soam como mais perspicazes. justo eles, a quem se atribui uma inutilidade milenar e quase sempre são associados a boemios, vagabundos, ou perdedores.
Outro poeta brasileiro, fazendo coro com os hermanos ja dizia..."prendia o choro e aguava o bom do amor", o que dizer entao de Dostoievsk, poeta cristao, que entende que o sofrimento é o maior dos recursos para se construir o caráter.Todos eles longe da vitória que o mundo pós moderno apregoa, longe, ate mesmo, das teologias da prosperidade e barganhas com um deus empreendedor.
Sucesso é a palavra de ordem. Somos o povo de um livro, que nao gosta de ler, preferimos os eventos on line, as diversões passageiras, perdemos a capacidade de perceber a poesia do mundo, a beleza de Deus. provavelmente só os poetas enchergam a poesia dos demais.
salve, poeta Matheus!
Abraços...

Anônimo disse...

Pastor Mateus. Sou da Igreja do Nazareno de Indaiatuba, e ouvi sua mensagem na quinta-feira (dia 14/8) e fiquei encatado com o conhecimento biblico e com a unção apresentadas pelo senhor naquele culto. A mensagem, que o senhor ministrou naquela quinta, falou muito comigo.
Aguardo o seu retorno no mês de Setembro, e tenho, desde então, orado pela sua vida.
Descubri este blog por sorte (ou talvez isso tenha outro nome), mas quero que saiba que tenho uma profunda admiração pelo senhor. Muito obrigado: aquela mensagem fez diferença em minha vida!

 

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