sexta-feira, 25 de julho de 2008

Silêncio


Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus...

Deus está no silêncio. Foi no silêncio do cicio suave que Elias o encontrou. Foi no silêncio da estrebaria que ele se revelou. O silêncio talvez seja a forma mais audível de manifestação de Deus. Dizem que o silêncio é ausência de som. Vazio completo. No entanto o silêncio é o que dá sentido ao som, quem sabe, sua plenitude. São nas pausas que a música encontra seu ritmo, sua cadência. O silêncio é o repouso desejado por todo barulho, é o porto seguro de toda nota musical.
Creio que a vida precisa de silencio. São nas intermitências da existência que a vida encontra sentido. São nas pausas, nos repousos, quando as explicações não são necessárias, as petições se tornam redundantes, as reivindicações parecem inadequadas e o barulho é um estrangeiro, quando as palavras não resolvem e as ações são apenas inquietações, então o silêncio preludia a presença do divino.
Não sabemos nos aquietar, construímos nossas casas no meio do barulho da civilização. Somos viciados no som das buzinas, dos gritos, dos sons das teclas dos computadores, nas freqüências das ondas curtas e das infinitamente longas. Ouvimos a pregação dos martelos que nos urgem a construir. Reagimos ao som dos despertadores que nos advertem a respeito do minuto que passou e não volta mais. Respondemos a perguntas, fazemos as nossas próprias e quando paramos de falar, nossas mentes inquietas prosseguem na argumentação.
Aquietai-vos e sabei, diz o Senhor. A convicção vem quando nos cansamos de argumentar, pedir e perguntar. É o saber do silêncio que nos faz repousar e perceber a virtude e o sentidos dos sons da vida. É quando nossos ouvidos ouvem o nada, que percebemos que nada é tudo o que precisamos quando sabemos quem é Deus.
E então, quando tudo está no devido lugar, podemos de novo nos arriscar a falar...mas nunca por muito tempo.
 

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